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14 mil soldados e milhões de munições: o que Coreia do Norte mandou a Putin

Kim Jong-un e Vladimir Putin têm mantido cooperação militar, segundo organização de vigilância internacional Imagem: KCNA via REUTERS

Colaboração para o UOL*

03/06/2025 05h30Atualizada em 03/06/2025 10h10

Segundo relatório publicado pela Equipe de Monitoramento de Sanções Multilaterais (MSMT, na sigla em inglês), o líder norte-coreano Kim Jong-un enviou uma série de artefatos de artilharia pesada e milhares de soldados norte-coreanos ao presidente Vladimir Putin, como auxílio na guerra da Rússia contra a Ucrânia.

O que diz o relatório

O documento denuncia violações e evasões às medidas de sanções estipuladas nas Resoluções Relevantes do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Nomeado "Cooperação Militar Ilegal Incluindo Transferências de Armas Entre a Coreia do Norte e a Rússia", o relatório analisa a relação entre as autoridades dos dois países ao longo do ano ado.

Segundo o relatório, Coreia do Norte e Rússia vêm fortalecendo a cooperação militar desde setembro de 2023. À época, a Coreia do Norte começou a fornecer à Rússia armas e outros materiais e, posteriormente, ou a enviar tropas para a Rússia para "apoiar diretamente" a guerra do país contra a Ucrânia. Desde então, a Coreia do Norte enviou mais de 20 mil contêineres de munição de diferentes calibres para a Rússia.

Navios de carga com bandeira russa levaram até nove milhões de cartuchos de artilharia mista e munição para lançadores múltiplos de foguetes da Coreia do Norte para a Rússia em 49 remessas entre 1º de janeiro e meados de dezembro de 2024 Trecho do relatório divulgado

Ainda segundo o documento, o governo de Kim Jong-un enviou milhares de soldados à Rússia. Mais de 11 mil soldados teriam sido deslocados somente no final de 2024 e mais 3 mil no início de 2025. "Ao mesmo tempo, acredita-se que a Rússia tenha fornecido à Coreia do Norte equipamentos de defesa aérea e mísseis antiaéreos, bem como sistemas avançados de guerra eletrônica", diz o relatório. Além de "conhecimento operacional", a Rússia forneceu equipamentos de interferência usando aeronaves de carga nacionais.

Entre as armas enviadas a Putin, estão mísseis balísticos. Entre agosto de 2023 e março de 2025, navios russos buscaram de 4,2 a 5,8 milhões de munições, incluindo projéteis de artilharia e foguetes de 122 milímetros, utilizados em confrontos terrestres.

Conforme o relatório, houve, ainda, o treinamento de soldados norte-coreanos pela Rússia. Os soldados norte-coreanos foram alocados na cidade de Kursk, onde começaram participar de operações de combate ao lado das forças russas. "Esses soldados foram treinados pelas forças russas em artilharia, UAV [sigla em inglês para veículo aéreo não tripulado] e operações básicas de infantaria".

Somente entre janeiro e dezembro de 2024, a Coreia do Norte transferiu para a Rússia pelo menos 100 mísseis balísticos, que foram posteriormente lançados na Ucrânia para destruir infraestrutura civil e aterrorizar áreas povoadas, como Kiev e Zaporizhzhia Trecho do relatório

Munição de lançador múltiplo de foguetes norte-coreano (esquerda) e míssil antitanque 9M113 (direita) encontrados na Ucrânia Imagem: Divulgação/Equipe de Monitoramento de Sanções Multilaterais (MSMT)

Kim Jong-un enviou também peças de artilharia autopropulsada de longo alcance. Lançadores múltiplos de foguetes de longo alcance, centenas de veículos e canhões autopropulsados também chegaram à Rússia.

Canhão autopropulsado norte-coreano de 170 milímetros sendo transportado pela Rússia Imagem: Divulgação/Equipe de Monitoramento de Sanções Multilaterais (MSMT)

O que dizem Rússia e Coreia do Norte

Em abril, Putin e Kim Jong-un itiram pela primeira vez o envio de tropas norte-coreanas para a Rússia. No entanto, ambos os países negaram que a Coreia do Norte esteja fornecendo armas ao governo russo.

Segundo Kim Jong-un, a participação do país no conflito entre Rússia e Ucrânia é "justificada". Em declaração à mídia estatal KCNA no início de maio, Kim alegou que o envolvimento na guerra é um exercício de direitos soberanos em defesa de uma "nação irmã". "Nossa participação no conflito foi justa e está dentro dos direitos soberanos de nossa República", disse. "Considero todos os bravos soldados que participaram da operação Kursk como heróis e os mais altos representantes da honra da nação", acrescentou.

Grupo responsável pelo relatório é formado por 11 países

O objetivo da MSMT é auxiliar na "plena implementação das sanções da ONU" contra a República Popular Democrática da Coreia, nome oficial da Coreia do Norte. Segundo o portal oficial da MSMT, Alemanha, Austrália, Canadá, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Holanda, Itália, Japão, Reino Unido e Nova Zelândia compõe o grupo, criado em outubro de 2024.

A organização nasceu após a dissolução de um independente de especialistas que investigavam violações das sanções do Conselho de Segurança pela Coreia do Norte. Em março de 2024, a Rússia vetou a renovação do .

O relatório foi o primeiro a ser divulgado pela MSMT. Conforme comunicado publicado no portal oficial do Departamento de Estado dos EUA, o documento se concentra principalmente na cooperação militar entre a Coreia do Norte e a Rússia, considerada ilegal pelo grupo já que, segundo a MSMT, as transferências de armas entre a Coreia do Norte e a Rússia violam embargo de armas estabelecido por diferentes resoluções do Conselho de Segurança da ONU.

*Com informações da Reuters

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