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Pão de 5.000 anos achado por arqueólogos é recriado e vendido em padaria

Pão Kulluoba original, em exposição no Museu Arqueológico de Eskisehir; ao lado, a iguaria recriada por cientistas Imagem: AFP

Colaboração para Tilt, em São Paulo

04/06/2025 12h13

Um pão de 5.000 anos foi encontrado na Turquia por arqueólogos durante escavações na região central do país, em 2024. O achado da Idade do Bronze (3.300 a.C. a 1.200 a.C.) despertou a curiosidade do povo turco e acabou sendo recriado com a ajuda de uma padaria local.

O que aconteceu

Alimento foi descoberto no sítio arqueológico de Küllüoba, próximo à cidade de Eskisehir. Ele estava enterrado sob a entrada de uma casa antiga, construída por volta de 3.300 a.C. O pão, redondo e achatado, mede 12 centímetros e foi preservado graças ao fogo.

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Este é o pão assado mais antigo já encontrado durante uma escavação, e conseguiu preservar em grande parte sua forma. Encontrar pão em escavações é algo raro. Normalmente, só aparecem migalhas Murat Türkteki, arqueólogo e diretor da escavação, à AFP

Um pedaço foi parcialmente arrancado antes de o pão ser queimado e enterrado. "Isso nos faz pensar em um ritual de abundância", comentou Türkteki. O pão carbonizado foi desenterrado em setembro de 2024 e agora está em exposição no Museu Arqueológico de Eskisehir.

Receita descoberta

Restos do pão foram analisados, e os peritos identificaram os ingredientes. Segundo eles, foram usadas farinha de trigo emmer moída de forma rústica, sementes de lentilha e uma folha vegetal usada como fermento. Como esse tipo de trigo não existe mais na Turquia, a solução foi usar o Kavilca, variedade próxima ao original.

Funcionários da padaria Halk Ekmek misturam e cortam a massa para o pão Kulluoba, recriando um pão de 5.000 anos Imagem: AFP

Ficamos muito emocionados com essa descoberta. Conversando com nosso diretor de escavação, me perguntei se poderíamos reproduzir esse pão Ayse Unluce, prefeita de Eskisehir, na Turquia

Prefeitura se uniu à padaria pública Halk Ekmek para produzir os pães. A receita leva Kavilca, bulgur (trigo para quibe) e lentilhas. São 300 unidades feitas à mão por dia. Os pães têm 300 gramas, custam 50 liras turcas (cerca de R$ 7) e os moradores locais fazem filas para comprar.

A combinação de farinha de trigo ancestral, lentilhas e bulgur resulta em um pão rico, saciante, com baixo teor de glúten e sem conservantes Serap Guler, gerente da padaria

Resposta à crise climática

Pão de Küllüoba também reacendeu o interesse em práticas agrícolas do ado. O trigo Kavilca, usado na nova receita, é resistente à seca e a doenças, e pode ser uma alternativa sustentável frente à crise climática enfrentada na região.

Estamos enfrentando uma crise climática, mas ainda cultivamos milho e girassol, que demandam muita água. Nossos anteados estão nos dando uma lição. Como eles, devemos avançar em direção a culturas menos sedentas Ayse Unluce, prefeita de Eskisehir

Prefeita quer estimular a volta do cultivo do trigo Kavilca na região. "Essas terras preservaram esse pão por 5.000 anos e nos entregaram esse presente. Temos o dever de proteger esse patrimônio e transmiti-lo adiante", finalizou a governante.

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