Brasil desperdiça quase 40% de toda a água potável que detém, diz estudo

Em 2019, o Brasil desperdiçou uma quantidade de água potável que possibilitaria abastecer 63 milhões de pessoas — cerca de 30% da população do país —, segundo um estudo divulgado hoje pelo Instituto Trata Brasil.
O número representa quase 40% — 39,2% — de toda a água potável captada pelo Brasil. Os dados da pesquisa foram feitos com base nos dados de 2019 do SNIS (Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento).
O volume de água potável desperdiçada pelo Brasil "seria, portanto mais que suficiente para levar água aos quase 35 milhões de brasileiros que até hoje não possuem o nem para lavar as mãos em plena pandemia (do novo coronavírus)", segundo o instituto.
O número representa um aumento de 2,5 pontos percentuais ao que foi calculado em 2015, quando o Brasil registrou 36,7% de perdas na distribuição de água potável.
Duas regiões estão acima da média nacional no quesito desperdício, de acordo com o estudo: Norte (55,2%) e Nordeste (45,7%). Abaixo da régua, Sul (37,5%), Sudeste (36,1%) e Centro-Oeste (34,4%) vem logo atrás.
Diferença entre estados
A liderança do Norte no índice regional fica latente ao se olhar o índice de desperdício de água potável separadamente por estado: das cinco UFs (Unidades Federativas) que lideram o ranking, todas estão na região, sendo elas:
- 1º: Amapá: 74%;
- 2º: Amazonas: 68%;
- 3º: Roraima: 65%;
- 4º: Rondônia: 61%;
- 4º: Acre: 61%.
Ainda sim, há desigualdades entre estados que estão na mesma região. No Norte, por exemplo, o Tocantins possui um índice abaixo da média nacional (34%), sendo o quinto estado com menor desperdício.
No Nordeste, o Maranhão desperdiça 59% da água potável que detém, vindo logo atrás do quinteto do Norte. Já Alagoas, o segundo estado com menor desperdício no país, apresenta um índice de 30% — só perde para Goiás, com 29%.
Municípios
O Instituto Trata Brasil também analisou os índices nos 100 municípios mais populosos do Brasil, encontrando cidades que vão desde 3,9% de desperdício, como Nova Iguaçu (RJ), até 83,9%, como Porto Velho.
Com base em uma portaria do Ministério do Desenvolvimento Regional, o instituto considerou três cenários possíveis para a média nacional do nível de desperdício de água potável até 2034: 15% (otimista), 25% (realista) e 35% (pessimista).
Das 100 cidades mais populosas do Brasil, apenas três, incluindo Nova Iguaçu, estão acima da meta mais positiva: Santos (11,94%), no litoral de São Paulo, e Limeira (12,25%), no interior do estado.
Conclusões
"Os números só pioram. Ao não atacar o problema, as empresas operadoras de água e esgotos precisam buscar mais água na natureza, não para atender mais pessoas, mas para compensar a ineficiência", disse, em nota, Édison Carlos, presidente executivo do Instituto Trata Brasil.
Para Gesner Oliveira, sócio da GO Associados, que trabalhou com a Trata Brasil no estudo, "atacar as perdas (de água potável) é estratégico para quem quiser chegar à universalização (do saneamento básico)".
Como solução, Luana Siewert Pretto, diretora da Asfamas (Associação Brasileira dos Fabricantes de Materiais para Saneamento), entidade parceira do estudo, apontou que é preciso que o Brasil invista mais nas estruturas de saneamento básico e contra os furtos de água.
"Estamos falando de milhões de pessoas sem o a esse recurso essencial e o estudo evidencia que a redução das perdas de água pode ser a solução do ponto de vista social e de sustentabilidade para este histórico problema", concluiu.
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