Aliados de Bolsonaro são alvos de operação da PF contra atos antidemocracia
A Polícia Federal cumpre na manhã de hoje 21 mandados de busca e apreensão em desfavor de aliados do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Entre os alvos estão dirigentes da sigla que o mandatário tenta fundar, o Aliança pelo Brasil, um deputado federal e blogueiros e youtubers de direita.
As ordens são do STF (Supremo Tribunal Federal) e foram autorizadas no âmbito de um inquérito chefiado pelo ministro Alexandre de Moraes. O procedimento investiga a origem de recursos e a estrutura de financiamento de grupos suspeitos de promoverem manifestações de rua com pautas antidemocráticas.
São mobilizados agentes da PF em cinco estados (São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Maranhão e Santa Catarina) e no Distrito Federal.
Eventuais informações e provas obtidas pela Polícia Federal também poderão ser utilizadas em outro inquérito em curso no STF: o que apura produção e disseminação de fake news. As investigações são conexas e miram apoiadores do presidente e membros da cúpula bolsonarista.
Alvos
Entre 21 alvos da operação realizada hoje estão Luiz Felipe Belmonte e Sérgio Lima, respectivamente vice-presidente e marqueteiro do Aliança pelo Brasil. A informação foi confirmada ao UOL por Lima. Segundo ele, os policiais estiveram nesta manhã em endereços residenciais e comerciais.
Blogueiros e youtubes de direita também estão entre os investigados. Três deles foram identificados como Émerson Teixeira, mais conhecido como "professor opressor", Fernando Lisboa e "Ravox".
Pelas redes sociais, o deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ) e o blogueiro Allan dos Santos, do site "Terça Livre", disseram que policiais federais estiveram em suas casas na manhã de hoje. Allan já foi alvo de busca e apreensão.
"Polícia Federal em meu apartamento. Estou de fato incomodando algumas esferas do velho poder. E cada dia estarei mais firme nessa guerra", escreveu o deputado Daniel Silveira no Twitter.
Em outra mensagem, o deputado afirmou que foi até a sede da Polícia Federal no Rio de Janeiro, mas exerceu seu direito de permanecer em silêncio até que tivesse o ao inquérito.
Policiais federais cumpriram mandado no gabinete do congressista, em Brasília. Segundo apurou o UOL, foram levados computadores. O material será analisado pela perícia.
Em nota, o "Terça Livre" disse que a Polícia Federal está novamente em sua sede, a casa de Allan dos Santos. O militante bolsonarista já havia sido alvo de mandado de busca e apreensão em operação da PF em 27 de maio. Naquela ocasião, 29 mandados foram cumpridos para investigar rede que financiava fake news.
Em sua conta no Twitter, a youtuber Camila Abdo, do canal Direto aos Fatos, publicou um vídeo dizendo que recebeu a Polícia Federal em sua residência.
"Recebi a Polícia Federal hoje, já fui depor, foi super tranquilo, os agentes super educados, chegaram aqui com muito respeito, pegaram as coisas, levaram meus dois aparelhos [celular] e meu computador, não entraram com arma em punho, não tenho nada para falar da Políca Federal... Só que assim, estamos sendo cassados", disse a youtuber.
O youtuber Ravox Brasil também disse em ter recebido a visita de policiais federais na manhã de hoje.
"A Policia Federal acabou de sair da minha casa, a pedido de Alexandre de Moares (STF). Estou sem os equipamentos de gravação e transmissão, além do meu celular. Estamos sendo censurados por uma instituição que deveria fazer justiça ao encontro de cidadãos de bem", escreveu no Twitter.
Atuação articulada
De acordo com o MPF (Ministério Público Federal), uma das linhas de apuração é que "os investigados teriam agido articuladamente com agentes públicos que detêm prerrogativa de foro no STF para financiar e promover atos que se enquadram em práticas tipificadas como crime pela Lei de Segurança Nacional".
Um dos agentes públicos investigados é justamente o deputado bolsonarista Daniel Silveira, alvo da ação realizada hoje. Ele deve depor ainda hoje na Polícia Federal. Esgota-se nessa semana o prazo dez dias que o ministro Alexandre de Moraes havia estipulado para que ele fosse ouvido pela PF.
Prisão de Sara Winter
Ontem, a ativista Sara Winter, líder do grupo 300 do Brasil, foi presa temporariamente no mesmo inquérito que investiga atos contra a democracia.
O inquérito foi aberto em abril, a pedido da Procuradoria-Geral da República, para investigar, dentro da Lei de Segurança Nacional, a organização e o financiamento de atos contra a democracia. Vários deles tiveram a participação de Bolsonaro, que chegou a discursar em uma das manifestações realizada em frente ao quartel-general do Exército em Brasília. O presidente, no entanto, não é alvo da investigação.
* Com informações da Reuters e da repórter Luciana Amaral, do UOL, em Brasília
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