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'Onde está Zambelli?': deputado italiano questiona governo Meloni na Câmara

O deputado italiano Angelo Bonelli (à esq.) e a deputada brasileira Carla Zambelli (à dir.) Imagem: Reprodução/Instagram e Andre Violatti/Ato Press/Estadão Conteúdo

Janaina Cesar

Colaboração para o UOL, em Roma

12/06/2025 08h14Atualizada em 13/06/2025 08h02

O deputado italiano Angelo Bonelli apresentou ontem um novo pedido para que o governo da premiê Giorgia Meloni se manifeste oficialmente sobre o paradeiro da deputada federal licenciada Carla Zambelli (PL-SP), alvo de um mandado de prisão internacional.

O que aconteceu

Deputado de esquerda exige explicações públicas de ministros sobre caso Zambelli. Em maio, a parlamentar do PL foi condenada a 10 anos de prisão e à perda de mandato por ter invadido o sistema do CNJ (Conselho Nacional de Justiça). A decisão foi por unanimidade na Primeira Turma do STF (5 a 0), e a deputada fugiu do Brasil e diz que está na Itália.

"Amanhã haverá uma resposta. Qual? Não sei, mas haverá", disse Bonelli ao UOL. O questionamento foi registrado com pedido de resposta oral, o que abre caminho para que os ministros da Justiça, Relações Exteriores e Interior sejam questionados publicamente no Parlamento amanhã. As interpelações parlamentares estão previstas para começarem às 9h35 (horário local) de amanhã e poderão ser acompanhadas ao vivo pela WebTV da Câmara dos Deputados italiana.

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Bonelli cobra explicações diretas do governo Meloni por não ter agido diante da entrada de Zambelli na Itália, mesmo com um alerta oficial sobre sua situação judicial. Segundo o líder da Aliança Verde e de Esquerda e do Movimento Europa Verde, o Ministério do Interior foi informado sobre a condição de foragida de Zambelli no último dia 4 de junho, data em que ele apresentou uma primeira interrogação formal.

Com a exigência de resposta oral, a expectativa é que os ministros quebrem o silêncio. Se optarem por ignorar novamente, o tema deve ganhar ainda mais força entre parlamentares italianos e brasileiros, avalia o deputado.

"Onde está Zambelli?", resumiu Bonelli. O italiano afirmou que sua ação no Parlamento ecoa a pergunta que muitos têm feito.

O silêncio do governo italiano diante de um mandado de prisão internacional e da permanência de uma parlamentar brasileira foragida no país é inaceitável.
Angelo Bonelli, deputado italiano líder da Aliança Verde e de Esquerda

Viagem foi interpretada como fuga pela Justiça brasileira, que decretou o pedido de prisão. A deputada licenciada é considerada foragida e foi incluída na lista de procurados da Interpol. O UOL procurou a assessoria de Carla Zambelli e aguarda um posicionamento.

As perguntas do deputado italiano

No novo documento, Bonelli questiona: "Quais são os motivos que impediram a detenção policial, ou ao menos a adoção de medidas de vigilância e monitoramento da foragida Zambelli ao entrar em território italiano pelo aeroporto de Fiumicino, sendo que sua situação era conhecida pelo Ministério do Interior desde 4 de junho?"

O parlamentar também quer saber por que o governo italiano não executou o mandado de prisão internacional contra Zambelli. Ele questiona ainda sobre que tipo de proteção ou apoio permite que ela permaneça na Itália, mesmo após ser considerada foragida. Além disso, quer saber também quais medidas o governo pretende adotar para cumprir a lei que regula os procedimentos de extradição entre Itália e Brasil.

Bonelli ampliou o escopo da cobrança e cita diretamente Bolsonaro e seus filhos. Nesse novo documento, ele pergunta se o ex-presidente solicitou ou obteve cidadania italiana e pede informações sobre os processos de cidadania de Flávio, Eduardo, Carlos e Jair Renan Bolsonaro, todos citados em diferentes investigações no Brasil.

Segundo Bonelli, os laços entre Bolsonaro, sua base política e a presença de Zambelli na Itália merecem atenção urgente das autoridades italianas. O parlamentar lembra que Bolsonaro é réu no Supremo Tribunal Federal por suspeita de tentativa de golpe de Estado após sua derrota nas eleições de 2022.

Bonelli conta que tem recebido mensagens de brasileiros pedindo explicações sobre o caso. "Quero dizer que muitos me escreveram do Brasil perguntando quando o governo responderia. Amanhã haverá uma resposta. Qual? Não sei."

A condenação no STF

STF rejeitou os recursos da defesa de Zambelli por unanimidade na semana ada. Agora, caso seja detida, a prisão já não é mais preventiva e vai contar para o cumprimento da pena. Segundo a denúncia, a parlamentar contratou um hacker para inserir um mandado de prisão contra o ministro Moraes, assinado por ele mesmo.

Ministério da Justiça enviou ao Itamaraty o pedido de extradição da deputada licenciada, após determinação de Moraes, do STF. "O Ministério da Justiça e Segurança Pública recebeu do Supremo Tribunal Federal a documentação com o pedido de extradição de Carla Zambelli Salgado de Oliveira", disse a pasta em nota, ontem. "O DRCI (Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional) verificou a conformidade do pedido com o Tratado de Extradição firmado entre Brasil e Itália."

Advogado deixou o caso momentos após a deputada anunciar que tinha deixado o país. Em nota enviada à imprensa, Daniel Bialski disse que foi apenas "avisado" sobre a viagem de Zambelli e que deixaria o cargo "por motivos de foro íntimo".

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