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Quem pega primeiro leva

Alimento jogado fora por sacolão vira jeito de economizar para famílias, comida de animais e salvação em MG

Manuel Marçal (texto) e Alexandre Rezende (fotos) Colaboração para o UOL, em Belo Horizonte Alexandre Rezende/UOL

Há pouco mais de um ano, Maria Aparecida da Silva, 56, cata alimento jogado fora pelo sacolão do bairro onde trabalha. Tomou essa decisão depois de ver outras pessoas fazendo o mesmo.

No início, só observava. Depois, perdeu o receio.

Faz isso ao menos uma vez na semana. "Eu pego verdura aqui, é mais para ajudar em casa", conta. Foi a maneira que encontrou de economizar na alimentação.

Faxineira, ganha por hora trabalhada e afirma ter um salário bruto de R$ 340. Por causa da pandemia, teve a renda reduzida, porque a demanda dos clientes diminuiu.

Preocupada, fala da disparada no valor da conta de luz nos últimos dois meses. A tarifa mais alta esgarçou o orçamento familiar. Sem saber o que era bandeira vermelha, ligou na fornecedora de energia para cancelar o serviço, mas foi informada de que não era possível.

A bandeira vermelha, adotada quando há crise hídrica, por exemplo, aponta que está mais caro gerar energia no país, o que adiciona uma taxa extra ao valor cobrado na conta de luz.

Para fazer uma renda extra, revende pano de prato e tapete. Mas os negócios não vão bem. "Muita gente pedindo fiado, outros estão me devendo também. Está difícil para todo mundo", diz.

Moradora da Ventosa, aglomerado na zona oeste de Belo Horizonte, Maria Aparecida conta com orgulho que tem casa própria e não paga aluguel. Mora com o neto, de quatro anos, e a filha de 36, que recebe auxílio emergencial e trabalha como revendedora de produtos cosméticos.

Calçada com botas de borracha, ela vai a pé até o trabalho. "Gosto de andar arrumadinha", diz, mostrando as unhas pintadas, aplique de sobrancelhas e uma bolsa de alça.

Com o traje, embora simples, ela destoava de quem também estava diante do portão de carga e descarga de um sacolão, em busca de alimentos, no Jardim América, bairro de classe média da capital mineira.

"Coisa ruim, eu não pego. Enfiar a mão no lixo? Não faço isso. Mas quem faz é porque está precisando muito", afirma. "Graças a Deus, está dando para eu viver."

Um funcionário, que pediu para não ser identificado, conta que viu aumentar o número de famílias em busca de alimentos no bairro.

Sempre às terças, quintas e sábados, ocorre essa movimentação. É quando a o caminhão de lixo da prefeitura e os sacolões descartam caixotes e tambores com frutas, legumes e hortaliças que já não se prestam à comercialização.

Ciente que muitos ali estão em condições complicadas, o homem trata a todos com respeito. Os funcionários sabem os produtos descartados serão aproveitados, então procuram não misturar os alimentos com o lixo comum.

Mãos ágeis na xepa

Não há briga, confusão nem empurra-empurra. As mulheres, que são maioria no local, são vizinhas ou já se conhecem dessa rotina. Ainda assim, é preciso ser ágil, porque quem pega primeiro leva.

Uma maçã semipodre foi colocada na sacola de Vanildo Lourenço dos Santos, 48. Ele explica que a outra metade dava para comer. Veio de carrinho de mão e bolsa térmica. Tímido, não falou muito, mas disse depender do auxílio emergencial e ir toda semana ao local.

Agachados ou em pé, espremidos ou não, fazem a xepa sem cerimônia. Em poucos segundos, enfiam as mãos e vasculham tudo em busca de alimentos que sejam comestíveis.

Às vezes, na mesma caixa, inúmeras mãos driblam umas as outras para colher o que mais tarde pode vir a matar a fome.

Acompanhado de dois cães, o pedreiro Miguel, 52, espera pacientemente, sem pressa. Quando todos se afastam, ele se aproxima. Naquela manhã especificamente, conta que buscava alimentos para suas galinhas. Mas recolhe alimentos para si mesmo há mais de dois anos naquele mesmo local.

"Isso aqui é uva ou cereja?", pergunta Teresa Xavier da Cruz com as mãos cheias. "É tomate", responde uma outra mulher ao seu lado. Ela estranha a coloração amarela do tomatinho cereja e coloca de volta na caixa.

Aos 58 anos, achou que não sairia da cama, mas não era pelo frio em Belo Horizonte, mas por sua condição de saúde. Disse que não queria se fazer de vítima, mas relatou as dores no corpo e nos ossos.

Em tratamento para uma doença na medula óssea, tem plaquetas abaixo do nível normal. São nítidas as escaras e pintas recentes pelo corpo. Devido seu estado de saúde debilitado, disse que há seis meses não consegue mais fazer faxinas.

A baiana mora sozinha na Ventosa e afirma que começou a buscar alimentos dispensados pelo sacolão há três semanas. Diz que não conseguiu a renovação do auxílio emergencial e se sente desalentada. "Mas a gente vai à luta."

Para seu primeiro dia na função, Mara Bento de Jesus, 53, acha que teve sorte. Chegou de mansinho, espiou por cima o amontoado e pegou aquilo que era do seu agrado.

"Tem muito alimento em bom estado aqui", disse, sorrindo. Ela trabalha há 16 anos como cozinheira e quer voltar mais vezes. Com a filha grávida, elas economizam como podem.

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