'Sociedade deve agir para enfrentar o autoritarismo', diz Felipe Neto

O influenciador digital Felipe Neto reafirmou, em entrevista por e-mail ao Estadão, considerar "genocida" a política do presidente Jair Bolsonaro para combater a pandemia. A acusação é semelhante àquela que levou à abertura de um inquérito na Polícia Civil do Rio, com base na Lei de Segurança Nacional e no Código Penal, pelo suposto crime de calúnia. A investigação foi considerada ilegal e suspensa pela Justiça, mas inspirou o youtuber a criar o movimento "Cala-Boca já Morreu", com assistência jurídica a qualquer investigado ou processado por criticar autoridades. "Os casos não param de surgir por todo o País", disse ele.
Como surgiu a ideia do "Cala-Boca Já Morreu"?
Surgiu na madrugada após minha intimação. Só conseguia pensar em como aquilo poderia ser utilizado para calar pessoas que não têm como se defender. Eu sabia que a ação contra mim daria em nada, justamente pela minha rede de apoio e defesa, mas entendi que o problema era muito mais profundo. Eles queriam colocar medo na população, nos jornalistas, nos professores. Então decidi procurar os melhores advogados que conheço e perguntar se eles topariam utilizar seus escritórios para defender todo mundo que sofresse essa tentativa de silenciamento absurda que eu sofri. Eles toparam na hora.
A liberdade de expressão está sob ameaça?
Vinte e cinco pessoas foram intimadas pela PF em Uberlândia por postagens contra o governo. Quatro rapazes foram presos em Brasília por estenderem uma faixa criticando Bolsonaro. Um homem está sendo perseguido judicialmente por ter colocado um outdoor comparando o presidente a um pequi roído. Casos não param de surgir por todo o País. Não adianta esperar sentado que as coisas serão cuidadas pelos próprios poderes públicos. É imprescindível que a sociedade civil aja para enfrentar o autoritarismo. Eu estou apenas fazendo a minha parte.
O sr. já pensou em fazer denúncia formal em alguma instância internacional?
Sim, estamos nesse momento trabalhando em uma denúncia. Não resta dúvida de que a política de Jair Bolsonaro é uma política genocida, por ação e omissão, tanto pelas políticas públicas, ou falta delas, durante a pandemia, quanto nas ações ou omissões a respeito de povos indígenas do País. O Tribunal Penal Internacional de Haia aceitou denúncia contra Jair Bolsonaro justamente por "incitar o genocídio e promover ataques sistemáticos contra os povos indígenas do Brasil".
O sr. voltou a sofrer ameaças?
Sofremos ameaças constantes. Minha família a por coisas que ninguém faz ideia. Contudo, eles permanecem ao meu lado, sem titubear, sem me pedir para frear. Vivo sob um rígido sistema de segurança.
Como evitar o discurso de ódio e as fake news na internet?
Só existem dois caminhos: educação digital para a população e investimento nos setores investigativos da Polícia Federal para desarticulação dos grupos de ódio. A parte da educação digital é uma das minhas prioridades, por isso fundei o Instituto Vero, que está trabalhando para levar educação digital para o máximo possível de pessoas. A população recebeu a maior arma da história da humanidade, a internet, sem manual de instruções. Até 2017, 50% da população brasileira achava que a internet era o Facebook. Pessoas não sabem diferenciar uma notícia de um veículo sério com uma notícia editada no WhatsApp. Precisamos educar a população sobre o que é o ambiente digital o mais rápido possível.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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