Desastre em Mariana: 5 perguntas sem resposta sobre rompimento de barragem
As barragens de Fundão e Santarém, da Samarco, estão localizadas entre Mariana e Ouro Preto e se romperam na tarde da última quinta-feira, liberando uma onda de lama que teria chegado a 2,5 m de altura.
Moradores relataram um cenário de devastação no distrito de Bento Rodrigues, o mais atingido, a cerca de 2 km de onde ocorreu o rompimento. Ainda há 22 pessoas desaparecidas e 631 estão desabrigadas. O número real de vítimas é incerto.
Veja abaixo algumas perguntas ainda sem resposta sobre o desastre.
O que causou o rompimento?
A Samarco disse ter registrado dois pequenos tremores na área duas horas antes do rompimento, por volta das 16h20 de quinta-feira, segundo a assessoria de imprensa da Prefeitura de Mariana. Não se sabe o que teria causado estes tremores - se seriam abalos sísmicos ou a força do próprio rompimento.
A empresa inicialmente informou que apenas uma barragem havia se rompido, a de Fundão, mas disse à noite que uma segunda barragem, Santarém, também havia sofrido uma ruptura.
Em comunicado divulgado no Facebook na sexta-feira, a empresa afirmou que "não há confirmação das causas e a completa extensão do ocorrido" e que "investigações e estudos apontarão as reais causas".
Segundo a Samarco, a última fiscalização das barragens pela Superintendência Regional de Regularização Ambiental (Supram) foi realizada em julho deste ano e indicou que elas estavam em "totais condições de segurança".
O prefeito de Mariana, Duarte Júnior (PPS), defendeu que a Samarco seja responsabilizada pelo rompimento, mas disse que a empresa não pode ser fechada, pois isso traria muitos prejuízos econômicos à cidade.
Por sua vez, o governo de Minas Gerais embargou a licença de operação da mina Germano, também operada pela Samarco em Mariana, o que impede ao menos temporariamente a empresa de extrair e processar minério no local.
A companhia já havia suspendido as atividades nesta mina na sexta-feira e, agora, só poderá voltar a operá-la após atender exigências de segurança impostas pelo governo.
Nesta terça-feira, um novo tremor de magnitude 2,1 foi registrado na região, segundo o Instituto de Sismologia da USP, mas isso não causou novos danos às barragens. Sismógrafos serão instalados para monitorar este tipo de evento.
A lama pode ser tóxica?
Sabe-se que as barragens continham água e rejeitos empregados na mineração, que podem conter altos níveis de alumínio, ferro, manganês, entre outros elementos. Técnicos estão fazendo análises para checar se há possibilidade de contaminação.
No entanto, a maioria deste material é considerada de baixo potencial poluidor, segundo artigo da Escola de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto.
A Samarco disse na sexta-feira que o rejeito é inerte. "Ele é composto, em sua maior parte, por sílica (areia) proveniente do beneficiamento do minério de ferro e não apresenta nenhum elemento químico que seja danoso à saúde."
Especialistas foram enviados à área para avaliar o material. Nesta terça-feira, a Polícia Ambiental do Estado deverá fazer um sobrevoo para avaliar os prejuízos ao meio ambiente local.
Há risco de novos rompimentos?
O Corpo de Bombeiros está monitorando uma terceira barragem para verificar o risco de rompimento.
Não é a primeira vez que barragens se rompem em Minas Gerais. Em 2014, um acidente em Itabirito, a cerca de 60 km de Belo Horizonte, deixou três trabalhadores mortos.
Quantas pessoas podem ter sido afetadas?
O distrito de Bento Rodrigues tem cerca de 600 moradores. Outros vilarejos foram atingidos pela lama, mas seus habitantes foram alertados a tempo e muitos puderam buscar abrigo.
O número de desabrigados chega a 631. Eles estão hospedados em hotéis e pousadas da região.
A Prefeitura de Mariana confirmou quatro mortos - uma menina de 5 anos que morava em Bento Rodrigues e três funcionários da Samarco ou de empresas contratadas pela mineradora -, mas este número pode subir.
A onda de lama criada pelo rompimento das barragens também já avançou quase 500 km pelo leito do rio Doce em direção ao Espírito Santo, segundo o Serviço Geológico do Brasil. Espera-se que a enxurrada de detritos atinja uma área de 10 mil quilômetros quadrados no litoral do Estado e impacte três áreas de conservação marinha.
Por que informações de vítimas são conflitantes?
A incerteza se deve em parte ao o ao distrito de Bento Rodrigues, realizado apenas por helicóptero. Imagens aéreas de TV mostraram casas completamente destruídas e soterradas por lama.
Segundo a Prefeitura, 22 pessoas - 11 funcionários e 11 moradores - ainda estão desaparecidas. Bombeiros e a Defesa Civil continuam as buscas com ajuda de equipes de resgate especializadas, inclusive de outros Estados, como o Espírito Santo e Santa Catarina.
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