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Justiça bloqueia governo Trump de deportar estudante brasileiro preso por engano

Luciana Rosa, em Nova York

03/06/2025 04h57

Marcelo Gomes da Silva, de 18 anos, foi detido por engano a caminho do treino de vôlei. Alvo da operação era seu pai, que permanece foragido. Prisão gerou protestos e indignação em Massachusetts.

A Justiça Federal dos Estados Unidos determinou que o estudante brasileiro Marcelo Gomes da Silva, de 18 anos, não pode ser deportado nem transferido do estado de Massachusetts sem aviso prévio de pelo menos 48 horas. A decisão ocorre após sua prisão por agentes de imigração no último sábado (31), enquanto seguia para o treino de vôlei com colegas da escola em Milford.

O Departamento de Segurança Interna afirmou que a ação fazia parte de uma operação direcionada para prender o pai de Marcelo, João Paulo Gomes Pereira — descrito como "imigrante ilegal com histórico de direção imprudente a mais de 160 km/h em áreas residenciais". Segundo a secretária assistente Tricia McLaughlin, os agentes identificaram o carro do alvo e abordaram o veículo com a intenção de prendê-lo, mas encontraram apenas Marcelo. Ele foi detido como "presença ilegal" no país.

Todd Lyons, diretor interino do ICE, afirmou que o jovem foi uma prisão colateral e criticou o pai: "Obviamente, ele não é o pai do ano, já que trouxe o filho ilegalmente para cá também." Lyons falou sobre a prisão de Marcelo ao anunciar os resultados da nova ofensiva migratória em Massachusetts, que levou à detenção de cerca de 1.500 pessoas em maio, como parte do endurecimento nas políticas de deportação sob o ex-presidente Donald Trump.

Em um pedido de habeas corpus apresentado ao Tribunal Distrital de Massachusetts, a advogada Miriam Conrad escreveu que Gomes da Silva "não tem histórico criminal em nenhuma parte do mundo" e solicitou sua libertação imediata do centro de detenção em Burlington. Segundo ela, o jovem chegou aos EUA em 2012 com visto de estudante, que já expirou, mas ele é elegível para asilo e pretende fazer o pedido formal.

O juiz distrital Richard Stearns determinou que o jovem permaneça em Massachusetts por pelo menos 72 horas, a fim de garantir tempo hábil para que um juiz avalie o mérito do caso.

A prisão gerou comoção em Milford, onde Marcelo vive com a família há mais de uma década. Alunos organizaram um protesto no colégio e moradores se reuniram em frente à prefeitura pedindo sua libertação. O estudante deveria tocar com a banda da escola na cerimônia de formatura no fim de semana.

A governadora de Massachusetts, Maura Healey, exigiu explicações do ICE: "Estou perturbada e indignada com relatos de que um estudante da Milford High School foi preso pela imigração a caminho do treino. Mais uma vez, autoridades locais ficaram no escuro, sem aviso prévio ou respostas", disse em nota.

O senador Ed Markey também cobrou publicamente a libertação do jovem através deste vídeo publicado no X. "Marcelo Gomes deveria ter participado da formatura da Milford High, e não em um centro de detenção do ICE. Isso não é segurança pública. É crueldade. É incutir medo em nossas comunidades", exigiu o democrata.

O superintendente das escolas de Milford, Kevin McIntyre, afirmou que o distrito escolar não tem qualquer envolvimento em ações de imigração e reforçou o apoio às famílias imigrantes. "Tivemos vários pais detidos pelo ICE nas últimas semanas. Estamos todos angustiados com essa notícia. Eles são membros da nossa comunidade, estudantes em nossas salas de aula, atletas que competem representando Milford, músicos, artistas, amigos e vizinhos. Faremos tudo ao nosso alcance para apoiar nossos alunos e famílias nesses tempos difíceis", declarou em um vídeo publicado no X.

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