'Catástrofe a longo prazo': Mounjaro vira febre e acende alerta | Podcast UOL Prime #72
Sucessor do Ozempic, o Mounjaro se tornou a nova febre para emagrecimento, prometendo resultados ainda mais significativos na perda de peso. Nas farmácias brasileiras desde maio, o medicamento à base de tirzepatida é usado para tratar obesidade e diabetes tipo 2.
Mas há também o uso contraindicado, o estético, para emagrecer alguns quilos e entre pacientes não obesos, especialmente "ricos e poderosos". É esse uso que impulsiona um mercado ilegal e levanta sérias preocupações.
O podcast UOL Prime, apresentado por José Roberto de Toledo, traz detalhes da apuração da repórter Camila Brandalise sobre o Mounjaro, com os bastidores da nova corrida para perda de peso e os impactos sociais que a nova febre do emagrecimento —estimulada pelas canetas emagrecedoras— pode trazer.
"Socialmente falando, a longo prazo, vejo esses remédios como uma catástrofe", afirma Camila.
"As pessoas estão usando sem acompanhamento médico, para perder uns quilinhos. A gente já não lida bem com comida, com imagem corporal. Então, o que pode acontecer é haver mais problemas relacionados a transtornos alimentares."
A substância ativa do Mounjaro, a tirzepatida, imita a ação de dois hormônios (GIP e GLP1), o que a diferencia do Ozempic (que imita apenas GLP1), potencializando seus efeitos no controle da insulina, saciedade e metabolização de gordura.
A eficácia para perda de peso é notavelmente superior.
"Para você ter uma ideia, a média de perda de peso, 22%, chega perto do resultado de uma cirurgia bariátrica, que é 25%", diz Camila, ilustrando a potência do medicamento.
O alto custo do Mounjaro, que pode chegar a R$ 2.200 por mês, torna o tratamento a longo prazo inviável para a maioria da população.
A repórter afirma que quem consegue pagar é "quem pode", e não necessariamente "quem precisa".
Essa barreira econômica gera uma desigualdade no o ao tratamento da obesidade, uma doença séria que afeta uma parcela considerável de pessoas nas classes mais baixas.
Mesmo antes de chegar ao Brasil, o remédio já tinha uma demanda alta, o que impulsionou um perigoso mercado de contrabando. Esse mercado deve continuar mesmo com o Mounjaro por aqui.
Os riscos são altos, incluindo produtos falsificados, sem a refrigeração necessária ou até canetas vendidas por dose única.
Paralelamente, surgiu o "Mounjaro de pobre" nas redes sociais, um produto que não contém tirzepatida, mas sim fibra (como psyllium) encapsulada e vendida a baixo custo.
"Não é Mounjaro, não é tirzepatida, não é nada. É fibra que as pessoas estão encapsulando e vendendo com esse nome."
O uso do Mounjaro requer acompanhamento médico e multidisciplinar.
Os efeitos colaterais (náuseas, desconfortos gastrointestinais) podem ser intensos, e a interrupção sem controle resulta em rápido reganho de peso, alterando a composição corporal.
Mais importante ainda, ressalta Camila, é o fato de não haver estudos para pessoas que não são obesas, indicando a falta de base científica para o uso estético.
As consequências do uso inadequado podem incluir problemas psicológicos relacionados a peso e alimentação.
Para tentar controlar o o e coibir o uso indiscriminado para fins estéticos, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) determinou que, a partir de 23 de junho, as farmácias deverão reter a receita médica de todas as canetas emagrecedoras disponíveis no mercado.
Por enquanto, os remédios podem ser comprados apenas apresentando a receita. Mas o órgão votou por mudar essa regra.
"E quando decidiu isso deixou bem claro: é porque as pessoas estão usando indiscriminadamente para uso estético", explica a repórter.
O podcast UOL Prime é publicado às quintas-feiras no YouTube do UOL Prime, Spotify, Apple Podcasts, Amazon Music, Deezer e em todas as plataformas de podcast.
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