Topo

Esta floresta 'mágica' brilha no escuro, e o culpado é um fungo-fantasma

Larvas de vaga-lumes (acima), besouros, cogumelos e plâncton marinho tornam a costa australiana uma verdadeira constelação à noite. Imagem: Reprodução/Facebook David Finley

Colaboração para o UOL

30/05/2025 05h30

A região australiana de Illawarra, na costa sul do estado de Nova Gales do Sul, brilha no escuro e encanta turistas e fotógrafos amadores graças a um fenômeno natural curioso - mas que é causado por um fungo tentando se espalhar pela região.

O que é a 'floresta mágica'?

A mata da região é repleta por diversos "fungos-fantasma" (Omphalotus nidiformis), espécie de cogumelo bioluminescente típico da Austrália e da Tasmânia que cresce em árvores mortas ou que estão morrendo. A reação é uma forma de atrair insetos para o cogumelo que possam espalhar seus esporos por mais plantas —eles cumprem a importante tarefa de decompor a madeira daquelas vegetações que estão chegando ao fim da vida.

"Luz fria" só pode ser vista no escuro e é resultado de uma reação química. Ela surge como resultado da oxidação do composto luciferina pela enzima luciferase, o mesmo processo que faz vaga-lumes também brilharem no meio da noite, segundo cientistas da Macquarie University, em Sydney.

A beleza do ambiente natural começou a ser "caçada" por turistas e fotógrafos amadores. É o caso do gerente de transporte David Finley, que é tão apaixonado pela fotografia deste fenômeno que agora organiza grupos que reúnem outros interessados em vasculhar a região de Illawarra. "Esta é a minha televisão. É mágico, como algo saído [do filme] 'Avatar'. Se você fica enfiado em casa, perde essas coisas. Todo mundo se encasula à noite, enquanto eu penso 'como posso me divertir?'", contou à rede britânica BBC.

Além dos cogumelos, David "caça" outras formas de vida bioluminescente pela costa sul australiana. É o caso de larvas e besouros de vaga-lumes, além do Noctiluca scintillans, um tipo de plâncton marinho que brilha no escuro. Todos eles podem ser localizados a cerca de uma hora de carro de Kiama, em Illawarra, onde o fotógrafo vive.

A baixa poluição visual dos céus pelas luzes urbanas, assim como a grande umidade trazida pelas chuvas, criou um ambiente ideal para estes organismos que David considera "os grande quatro" da bioluminescência de Nova Gales do Sul. "Nossa Escarpa de Illawarra é um habitat especial. É um ambiente de floresta úmida subtropical bem preservado, o que ajuda a proteger formas de vida bioluminescentes frágeis", acredita. A região é composta por penhascos de areia rodeados pela mata verdade próxima ao Pacífico.

Fenômeno é imprevisível e difícil de achar, mas é ditado pelas estações, pelo tempo e padrões de luz. As formas de vida bioluminescentes têm se tornado cada vez mais raras devido ao aquecimento global e à perturbação humana em ecossistemas.

O Parque Nacional já está impactado pelos visitantes. Não conto a eles a respeito dos locais muito selvagens, já que [as visitas] de muita gente destruiriam estes ambientes. David Finley

Lanternas não podem ser muito fortes para estes eios, já que podem perturbar os padrões de alimentação dos organismos bioluminescentes. Fazer barulho ou respirar muito perto deles também pode prejudicá-los.

Comunidades dos apaixonados por bioluminescência na Austrália só crescem. Apenas um grupo no Facebook de entusiastas, que compartilham fotos e realizam visitas conjuntas, conta com mais de 64 mil pessoas. Eles seguem um calendário complexo: larvas de vaga-lumes podem ser achadas o ano todo, enquanto os besouros só podem ser vistos entre novembro e fevereiro. Já os cogumelos tendem a aparecer entre março e maio, com calor mais ameno.

Comunicar erro

Comunique à Redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:

Esta floresta 'mágica' brilha no escuro, e o culpado é um fungo-fantasma - UOL

Obs: Link e título da página são enviados automaticamente ao UOL

Ao prosseguir você concorda com nossa Política de Privacidade


Meio ambiente